segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Primeiras impressões

Cumpridas duas jornadas na Liga, o Gil encontra-se com dois pontos, conquistados diante duas fortes equipas. Não raras vezes a estatística é falaciosa, mas os 0 golos sofridos e marcados pelo Gil indiciam, de forma clara, os pontos fortes e fracos da equipa, respectivamente. Podemos, através deles, chegar às primeiras impressões sobre a equipa.


Os 0 golos sofridos, por exemplo, explicam na perfeição que o sector defensivo do Gil tem estado a roçar a excelência. Tanto com o Porto como com o Marítimo, a nossa defesa foi capaz de anular várias jogadas perigosas recorrendo à arma do fora-de-jogo, muito bem treinada por Paulo Alves. A defesa assume-se sempre em bloco, alinhada distintamente na horizontal, com todos os homens a entenderem-se de forma clara. Isto, é preciso não esquecer, com jogadores de qualidade dúbia: se Cláudio e Halisson formam uma das melhores duplas de centrais da Liga, Daniel e João Pedro são dois dos piores laterais. Ainda que Daniel consiga fazer valer-se pela sua imponência física, a sua capacidade técnica não fica distante de um qualquer jogador da III divisão. Quanto a João Pedro, nem fisicamente está bem, pelo que a entrada de Luciano Amaral, assim esteja sincronizado com os restantes colegas do sector defensivo, é fundamental. Neste sector, não podemos desprezar Luís Manuel. Experiente, sabe sempre quando alinhar com a defesa ou pressionar alto. Tecnicamente, é o que sabemos: banal. Para lá destes processos todos, existe um jogador que é, quanto a mim, o mais valioso do plantel: falo, claro, de Adriano. O guarda-redes brasileiro transmite uma segurança única ao sector e parece-me inclusivamente melhor e mais concentrado que na temporada anterior. É crucial a sua permanência na equipa esta época.


Se defensivamente o Gil é já uma das melhores equipas da Liga, no ataque a estória é outra. Falta tudo e mais alguma coisa aos gilistas para almejar o golo. Um avançado decente, que saiba receber em espaços curtos e tabelar com os extremos, e um médio criativo que consiga transportar a bola com velocidade (Richard vai deixar mais saudades do que aquilo que os adeptos pensam). Mas, com o mercado a fechar, são escassas as chances de chegarem novas aquisições. Por isso (e não esquecendo que ainda não vimos Pio ou Djalma a jogar), o trabalho ofensivo dependerá da audácia de Paulo Alves. Primeiro de tudo é absolutamente necessário pôr de parte os inofensivos passes longos executados ora por Halisson ora por Cláudio. Não resultam e são fáceis de controlar pelos defensores. Com os jogadores rápidos e tecnicistas que o Gil tem, a forma mais simples para criar oportunidades de golo é recorrer às tabelas e movimentações rápidas. Basta entregar a batuta do jogo ao nosso melhor médio, César Peixoto, e ele, recebendo a bola em terrenos mais recuados, trata do resto. No último terço do campo, é preciso que Pedro Pereira, Luís Carlos e Rafa troquem recorrentemente de posição por forma a baralhar as marcações do outro lado.

Mais do que ninguém, nós, os adeptos do Gil, conhecemos a forma de Paulo Alves trabalhar. É um homem que privilegia o bom futebol, a bola rente ao chão. Por isso, considero ser apenas uma questão de tempo até começarmos a jogar rápido, com fluidez e com capacidade de assustar os adversários, coisa que não foi possível nestes primeiros dois jogos.

Feita a análise global da equipa, vamos à opinião sobre as novas aquisições:

- Pek's: pelo pouco que vi, deu-me a sensação de ser um valor muito forte para o futuro. Fisicamente imponente, o central cabo-verdiano revela uma maturidade acima da média para a sua idade e o recente upgrade no seu contrato mostra o quão os responsáveis gilistas estão esperançados em si.

- Luciano Amaral: analisando aquilo que conheço dos anos passados no futebol português, Luciano Amaral pode bem vir a ser uma das armas gilistas para melhorar o jogo ofensivo. Muito maduro tacticamente e com qualidade técnica bem acima da média, somente a sua idade relativamente avançada pode gerar, ainda, algumas dúvidas. Se estiver bem fisicamente vai tornar-se num excelente reforço.

- Pedro Pereira: confesso que nunca considerei este extremo português um grande jogador. Foram várias as vezes que o vi jogar ao serviço do Aves, e sempre me pareceu um jogador previsível, muito individualista e com pouco sentido posicional. Mas não. Pedro Pereira é um jogador incisivo, eficaz e tecnicamente hábil. Pode tornar-se caso sério na Liga. A titularidade no onze, essa, já ninguém lha tira.

- Rafa: não é o avançado ideal para o estilo de jogo que temos vindo a praticar: o do futebol de passe longo. Isto porque Rafa não é alto, não ganha bolas de cabeça e não é forte fisicamente. Mas, mas... sabe como ninguém segurar uma bola, é rápido e não é egoísta. Quando melhorarmos as movimentações, as tabelinhas e as triangulações no ataque, Rafa fará, com toda a certeza, a diferença. É bom de bola, o miúdo.

- Leonardo: de todos os reforços, parece-me o pior. Tem receio de entrar no jogo, de participar incisivamente, de se mostrar. Porventura com mais espaço e sem estar amarrado tacticamente, possamos ver mais este brasileiro.

- Brito: óptimo jogador! Rápido, maturo com a bola e sem medo de partir para um para-um. A boa forma de Pedro Pereira e Luís Carlos impedem-no de ser titular, contudo é uma excelente opção para lançar no jogo.

O próximo jogo é frente ao V. Setúbal, uma das piores equipas da Liga. Se o sector defensivo permanecer concentrado, não será tarefa exigente bater os sadinos. É imprescindível optar pelo jogo curto, com os sectores mais juntos. Desta forma, a obtenção do golo virá naturalmente.

domingo, 10 de junho de 2012

Nova época


Numa altura em que as atenções estão viradas para o Euro 2012, o nosso Gil prepara já a nova temporada. Paulo Alves renovou, felizmente, o contrato mesmo quando o seu nome foi falado para substituir Leonardo Jardim no Sp. Braga. O ex-internacional português é um excelente treinador, não há dúvidas, e é o melhor homem para conduzir o Gil a mais uma boa temporada.

Quanto às saídas e entradas no plantel, os adeptos gilistas não têm razões para estar felizes. Três dos mais importantes jogadores da última temporada, Caiçara, Richard e Vieira, abandonaram o clube atrás de melhores contratos. Para já ainda não há substitutos conhecidos. No entanto, Brito (os rumores apontam para que seja bom jogador), Manoel (confirmado?) e Pedro Pereira perfilam-se como aquisições certas. Conhecem bem o futebol português e estão em pulgas para mostrar o seu futebol na maior liga em Portugal.

De resto, as saídas de Sandro, João Pedro e dos dois guarda-redes suplentes não surpreendem e só lhes desejo um resto de boa carreira. 

O balanço não é positivo mas ainda há muito tempo para contratações. E não nos esqueçamos que no ano passado, por esta altura, as previsões de uma boa época eram escassas e acabamos por construir um excelente equipa com parcos recursos.


segunda-feira, 14 de maio de 2012

Actualização | Notas

Em primeiro lugar, peço desde já desculpa pela ausência prolongada. Não escrevi sobre os recentes feitos do clube de forma detalhada e penitencio-me por isso. Vou tentar fazê-lo agora, de forma simples e resumida.

- TAÇA DA LIGA: Pela primeira vez na história, o Gil jogou uma final em competições oficiais. Mais do que o factor desportivo, foi bonito ver os barcelenses, genuínos, apoiar o Gil como nunca. Tive o prazer de ter estado em Coimbra e assisti os nossos milhares de adeptos, em condições adversas, a apoiar incansavelmente a equipa. O nosso Gil não trouxe a Taça mas pelo sacrifício e pela coragem foi o verdadeiro vencedor. Espero que esta final seja a primeira de muitas!

- PERMANÊNCIA: Foram várias as semanas em que o Gil arrastou a confirmação da permanência no principal escalão do futebol português. Frente ao Rio Ave, ao V. Setúbal ou Paços de Ferreira, em nossa casa, a vitória , em condições normais, seria facilmente conquistada. Alguma displicência e falta de sorte levou a que a manutenção fosse alcançada apenas à 28º jornada. 
O Gil, com um dos orçamentos mais baixos da Liga, foi das poucas equipas do campeonato nacional que jogou bom futebol. O 9º lugar, com 34 pontos, ajusta-se ao desempenho dos pupilos de Paulo Alves na Liga mas no fim fica a amarga sensação de que podíamos ter chegado mais longe, inclusivamente aos lugares europeus. Faço mea culpa por não ter acreditado nestes jogadores. A verdade é que, dentro de campo, provaram a vozes como a minha que com esforço, dedicação e competência táctica tudo se consegue (mais tarde falarei mais detalhadamente sobre isto).

- PARCERIA COM MAN CITY: Não conheço por dentro esta parceria anunciada há dias. Contudo, o comunicado publicado no site oficial do clube deu para entender que as bases deste protocolo beneficiam o Gil sobretudo nos sectores de marketing e comunicação externa. Do ponto de vista desportivo, a parceria causa-me sérias dúvidas. Não me parece que o recém-campeão inglês ceda os seus jovens promissores para uma liga, ou até para um clube, que lhe são desconhecidos. Posso estar enganado. A ver vamos.

terça-feira, 20 de março de 2012

O tomba-gigantes!


Depois de Benfica e Porto, foi a vez do Sporting ter caído aos pés do nosso grande Gil. Mais uma vez, os jogadores excederam-se na entrega e demonstraram um grande espírito de união. A vitória surge numa fase importante, após quatro inexplicáveis jogos sem vencer.

Não atravessava um bom momento o nosso Gil. Depois da euforia desmedida com as vitórias consecutivas a Porto, Sporting (para a Taça da Liga) e Académica, a equipa entrou num autêntico fosso e seguiram-se maus jogos e, pior, perda de pontos que colocaram o Gil numa posição delicada, a apenas 5 pontos da zona perigosa da descida de divisão. Felizmente, contra equipas de maior dimensão os nossos jogadores duplicam o esforço. É normal. São jovens, querem mostrar-se e sabem que não é a jogar frente a Paços de Ferreiras ou Beiras-Mares que o conseguem. O tempo do amor à camisola, caros amigos, já passou há muito. E este jogo diante um grande provou uma equipa trabalhadora, humilde e disposta a vencer a todo o custo.

A estratégia de Paulo Alves, como aliás tem sido regra quando se trata de jogar contra equipas que querem vir a Barcelos vencer, foi exímia. Preenchimento do meio-campo com vários jogadores, tentado anular o talento de Matias, Schars e Izmailov. Depois, o mesmo do costume. Saídas rápidas para o ataque com Vieira, Galo e Guilherme, apoiados por André Cunha e César Peixoto, capazes, com a sua boa qualidade de passe, de colocar a bola em óptimas situações para os atacantes desequilibrarem. O excelente golo de Galo e a displicência dos defensores do Sporting, que conseguiram em 2 minutos dar duas grandes penalidades ao adversário, fizeram o resto.

Vamos aos destaques!:

MAIS:
+ Rodrigo Galo: Tecnicamente soberbo. A jogada individual com que deu o primeiro golo ao Gil embalou a equipa para uma importante vitória.

+ Cláudio: Não me canso de o elogiar. Anulou por completo as investidas de Wolfswinkel e foi o autêntico comandante da defesa quando, no final da primeira parte, o golo do Sporting estava iminente. Revelou igualmente sangue-frio na altura da conversão da segunda grande penalidade, segundos após ter falhado a primeira.

+ César Peixoto e André Cunha: Exibição semelhante de ambos, se bem que Peixoto tem qualidade que Cunha não tem nem nunca teve e Cunha entrega-se ao jogo de uma forma que Peixoto não se entrega nem nunca se entregou. Foram importantes na fase mais importante do jogo, a de segurar o meio-campo.

+ Hugo Vieira: A tarefa de Vieira nestes jogos não é fácil. Corre quilómetros atrás dos defesas sem tocar uma única vez na bola. Neste então foi gritante. O rapaz foi esforçado e, quando teve a bola, apenas por uma ou duas vezes tentou lances individuais infrutíferos.

Menos:

- Guilherme: No início da temporada dava-me a sensação que tínhamos entre mãos (ou entre pés) um diamante em bruto. Meses volvidos, Guilherme continua igual. Não evoluiu. Perde-se por infinitas vezes em lances individuais que não ajudam em nada o jogo coletivo da equipa. É, como se diz na gíria futebolística, um 'brinca na areia'.


Passada esta vitória, o Gil tem de concentrar as forças para aquele que considero o seu jogo da época. É a chance única de alcançarmos a final de uma competição que tem evoluído bastante nas últimas épocas. Não nos esqueçamos, também, das receitas que esta competição tem gerado para nós.

Depois, não nos podemos desleixar para o campeonato. Os agora 8 pontos de vantagem sobre o 14º classificado dão-nos alguma segurança contudo ainda temos jogos onde a derrota é mais do que provável. Acima de tudo, perceber que ainda faltam vários duelos para o final da temporada e que nada está garantido.

quarta-feira, 7 de março de 2012

3 pontos a recuperar...

Antes de tudo, referir que não vi o jogo. Mas a derrota caseira diante o Paços não podia acontecer. Tal como no encontro com o Nacional, o Gil talvez entrasse com excesso de confiança e senhor de si. Em casa, de resto, é notório que temos grandes dificuldades em bater equipas do 'nosso' campeonato. As vitórias frente a Leiria e Académica são as únicas excepções à regra. O Gil tem muita qualidade quando não tem obrigação de vencer... mas nem todos os jogos são fora ou contra equipas grandes.

Esta derrota não abala a excelente campanha da equipa, contudo, para fechar de vez as contas da manutenção, é essencial vencer um jogo fora de portas... se possível já no próximo domingo, frente a um Beira-Mar desmoralizado.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Olhanense 0-0 GIL VICENTE

Não acompanhei o jogo, nem sequer via relato, mas creio ser um bom ponto. Fora de portas temos sido muito regulares, temos somente quatro derrotas e isso é capital para quem luta pela permanência. Venha o Paços!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Júnior Caiçara e Richard


Caiçara e Richard. Ambos estão a realizar uma excelente época. Um é porventura dos melhores defesas esquerdos da Liga Portuguesa. Rápido, agressivo e apurado tecnicamente. Tinha notórios problemas a defender mas melhorou substancialmente esta temporada e transmite segurança ao sector defensivo da equipa. O outro é possivelmente o jogador mais objectivo e tecnicista da equipa. Joga a poucos toques, é simples no processo ofensivo e revela grande qualidade a recepcionar e entregar a bola.

São por esta altura indiscutíveis no esquema de Paulo Alves mas, infelizmente, têm apenas um ano de contrato, tal como Cláudio. A boa temporada do Gil, conseguida muito pelo sublime desempenho destes três jogadores, suscitará manifestamente o interesse de outros clubes nos atletas. E o problema prende-se aqui. Terminando o contrato deste trio brasileiro no final da presente época, é deveras provável perdemo-los a custo zero...

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Sem hipótese

O estado de graça do nosso grande Gil terminou ontem, após derrota pesada ante o vizinho Braga. A estratégia inicial gilista foi a mesma que levou à conquista das últimas três vitórias mas ontem, perante uma grande equipa, a derrota foi mais do que justa.

O jogo adivinhava-se complicado logo pela inesperada lesão de Pedro Moreira no aquecimento. Era um jogador em excelente forma, muito rigoroso tacticamente e com qualidade no processo ofensivo. A entrada de Mauro, um jovem sem muita qualidade e bastante menos rotinado a jogar ao lado de Luís Manuel, dificultou a tarefa gilista a tapar os caminhos bracarenses.

No entanto, o segredo do jogo esteve na forma como o Braga respeitou o Gil. Foi uma equipa equilibrada, sempre com quatro/cinco jogadores na retaguarda prevenindo as transições rápidas do Gil. Na busca pelo golo, os bracarenses foram pacientes, trocaram a bola em terrenos mais recuados e deixaram o talento de Hugo Viana, Hélder Barbosa, Alan e Lima fazer o resto. Não obstante, o Gil ainda incomodou os arcebispos. Rodrigo Galo, Vieira e Caiçara (numa soberba jogada individual) assustaram Quim mas a sorte dos anteriores jogos não acompanhou o grande Gil ontem à noite.

Na segunda parte, e já com as infelizes saídas por lesão de Adriano e Luís Manuel, que limitaram Paulo Alves nas substituições, o Braga elevou ainda mais o seu jogo e, aproveitando o débil guarda-redes Murta, rapidamente ampliou a vantagem. Piorando a situação, o nosso melhor jogador Cláudio seria expulso, expondo em excesso a defesa gilista. A partir daí foi ver o Braga jogar a seu bel-prazer, a esmiuçar o talento dos seus melhores jogadores. O Gil, perdido no jogo, batalhou como pôde mas nem assim logrou a redução no resultado...

Vamos ao Mais e Menos!:

MAIS:

+ Richard: o melhor jogador gilista da noite. Ora com o pé esquerdo ora com o direito, o jovem médio foi o que causou mais mossa à defesa bracarense. Tecnicamente perfeito.

+ Junior Caiçara: o defesa esquerdo teve a árdua tarefa de cobrir o experiente e talentoso Alan. Deu-se bem. Não foi, contudo, a defender que Caiçara deu nas vistas. A facilidade com que desequilibrou o lado esquerdo da retaguarda braguista foi espantosa. A jogada individual que realizou a fechar a primeira parte foi sublime, ainda que tivesse colegas ao lado em melhor posição para finalizar...

+ Hugo Viana e Lima: quiçá dois dos melhores jogadores que já vi pisar o relvado do cidade de Barcelos. Um, colocava a bola onde bem lhe apetecia. Olhar e pronto, bola no sítio. O outro movimentava-se sempre com inteligência e guardava a bola como que um adulto a jogar com crianças. E golos. O terceiro então, é de uma perfeição ao alcance apenas dos melhores.

Menos:

- Murta: não é seguramente fácil entrar com a equipa a perder e herdar a qualidade de Adriano. Contudo, podia e devia ter feito mais no segundo golo, aquele que fechou por completo quaisquer hipóteses de discussão de resultado pela parte do Gil.

- Zé Luís: garantidamente, o pior jogo com a camisola do Gil. Mau, mau, mau. Apático nas disputas de bola e perfeitamente desligado nas movimentações que se exigem a um ponta-de-lança.

O Gil perdeu mas não creio que esta derrota vá afectar a equipa. A equipa continuará rigorosa e unida tacticamente e atrevida no ataque. O regresso de Luís Carlos e a melhoria em termos físicos de César Peixoto, que lhe permitirão a titularidade, darão ao Gil uma qualidade de jogo ofensivo ainda melhor e, em Olhão, a vitória é totalmente possível.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

"Cláudio, o central goleador"

Via Mais Futebol

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Cláudio vive uma segunda juventude aos 34 anos. Figura surpreendente da Liga, o central do Gil Vicente vai deixando a sua marca semana após semana, num percurso fulgurante que se confunde com o da equipa. Já soma sete golos no campeonato, tantos como Hulk ou Van Wolfswinkel. Nenhum defesa marca tanto como ele.

E, também por isso, o Gil vai subindo e surpreendendo. «As pessoas têm vindo ter comigo e perguntam: o que se passa? Agora ganham a toda a gente?» conta. O próprio brasileiro confessa não ter explicação para o sucesso repentino.

«Acho que não há um segredo. O grupo dá-se todo muito bem e isso faz a diferença. Não temos problemas, mesmo quem não joga não arranja confusão. Somos muito unidos, as oportunidades vão chegar para todos. E esse entendimento dá frutos em campo», explica.

O Maisfutebol quis conhecer melhor esta revelação do nosso campeonato. Uma revelação tardia mas bem a tempo da ribalta. «Se pudesse escolher tinha chegado mais cedo à Liga. Mas gosto de pensar que estou no momento certo, o que passou, passou¿ Joguei muitos anos em escalões secundários e isso também pode ajudar a abrir a mentalidade de alguns treinadores que pensam que porque se joga noutras divisões não se tem qualidade», afirma.

De facto, Cláudio chegou a Portugal há doze anos para jogar no Ovarense e só esta época deu os primeiros pontapés nos relvados da Liga. Em grande estilo. Até já bateu o recorde de golos que tinha dos tempos do Vizela: «Marquei seis lá. Já levo sete e, claro, com outra visibilidade.»

Golos ao Porto «marcados para sempre»

Os últimos três jogos catapultaram o Gil Vicente. Vitórias sobre F.C. Porto, Sporting e Académica deixaram o clube de Barcelos nas bocas de todos. Cláudio só não aceita que se relativize o mérito do grupo.

«Ganhámos ao Porto, disseram que o Porto esteve mal. Ganhámos ao Sporting, mas eles é que estiveram mal. Agora até o treinador da Académica diz que foi o pior jogo que eles fizeram. Então e nós? Muita gente não reconhece o valor desta equipa», lamenta, frisando que «não é surpresa nenhuma» o trajecto do Gil para quem conhece a equipa desde o ano passado.

A nível pessoal, Cláudio não tem dúvidas: o jogo com o F.C. Porto foi o ponto alto. «Vai ficar marcado para sempre. Marcámos três golos, eu, um defesa, fiz dois e isso é algo que é raro acontecer», lembra.

Um goleador que quer deixar os golos para os avançados

A fama de goleador já extravasou há muito os limites de Barcelos. Cláudio conta um episódio curioso do jogo da Taça da Liga em Alvalade: «O Wolfswinkel veio ter comigo e disse-me, meio em português, Aí matador. Eu ri-me e disse que não era matador nenhum, mas no final, como marquei o golo, fui ter com ele, ofereci-lhe a camisola e disse: Agora sim sou matador. E ele deu-me a camisola dele.»

Cláudio aceita de bom grado o epíteto de matador, mas não esquece a natureza. É para evitar os golos que entra em campo. «Um golo decisivo, que dê três pontos é muito bom, mas se calhar prefiro fazer os meus cortes lá atrás e deixar os golos para os avançados», admite, entre risos.
E aos 34 anos fará sentido falar em acabar? «Não penso nisso. Sinto-me bem durante os jogos, termino sempre bem. Enquanto me sentir assim, com forças, vou continuar a jogar», prometeu. »