sábado, 17 de setembro de 2011

Quando os melhores nem sempre ganham

Foi o que aconteceu ontem, no estádio cidade de Barcelos. O nosso Gil foi muito superior à Olhanense mas não alcançou a vitória. Um jogo de coragem, de emoção e, ao contrário do que os adeptos à saída do estádio vaticinavam, de qualidade. Vamos à análise.


Antes de mais, a arbitragem. Verdadeiramente vergonhosa. Não tanto quanto no dragão, mas igualmente a roçar a ladroagem. O senhor que vestiu a camisola amarela, o qual nem sequer sei o nome, quebrou, da maneira que pôde, a avalanche ofensiva do Gil. Ora por faltas inexistentes marcadas a favor da Olhanense, ora por permitir que os jogadores algarvios permanecessem estendidos no relvado por mais de dois minutos, sem que ninguém os viesse auxiliar, ora por exibir cartões amarelos a jogadores gilistas que seguem isolados para a baliza, levam uma cacetada à Paulinho Santos, e são acusados de simular. Ressalvar, igualmente, que os atletas de Olhão não ajudaram em nada a tarefa do árbitro.

Em relação ao jogo. Na primeira parte tivemos pelo menos duas grandes chances de golo. Uma por Vieira e outra por Laionel (a do brasileiro foi demasiado escandalosa, estava com a baliza escancarada!). Não obstante a isso, nunca conseguimos ter o total domínio do jogo e a Olhanense, a espaços, ainda controlou a partida e assustou Adriano. Foi assim, sem tanta surpresa, que nos instantes finais dos primeiros quarenta e cinco minutos, quando Adriano, que até ali estava a fazer uma excelente exibição, sacode a bola para a frente, que surge Wilson Eduardo, oportunista, a marcar.

Na segunda metade, o nosso técnico Paulo Alves promoveu uma alteração que viria a aumentar exponencialmente a qualidade de jogo da equipa. Foi Richard a entrar e, com um Pedro Moreira excelente na posição 6, a equipa ficou bem mais fluída nos processos de jogo. Os ataques surgiram à velocidade da luz, assim como os falhanços. Vieira, Luís Carlos, Cláudio ou Caiçara não conseguiram contrariar o inspirado guardião Fabiano. A Olhanense, diga-se de passagem, recuou metros e metros no campo e tentou a todo o custo levar os três pontos... mas teria de haver um mínimo de justiça no marcador e Cláudio, num lance de bola parada, acabaria por empatar.

O Gil fez uma excelente segunda-parte, encostou à parede uma Olhanense que, analisando bem, tem um plantel recheado de bons jogadores, e merecia, sem dúvida, a vitória. Se fosse na Liga de Honra, contra uma qualquer equipa a disputar a subida, o Gil teria goleado. Mas agora estamos na elite e é necessário mais do que o dobro das exibições do segundo escalão para vencer. O teste de ontem comprovou isso, e de que maneira. Destacar, no entanto, e como eu já referi inúmeras vezes, o facto de não haver soluções atacantes de valor no banco...

Individualidades (neste campo, iniciarei aqui uma espécie de bom e mau, ao género de vários blogues clubísticos)

O Melhor

+ Pedro Moreira: na segunda parte, com ele na posição 6, e com a entrada de Richard, a equipa passou a jogar muito mais rápido. De frente para o jogo, Moreira aumenta de sobremaneira a sua preponderância em campo. Não tem medo de arriscar, de fazer passes verticais e Paulo Alves, que tão bem pensou na alteração, deveria pôr a hipótese de prosseguir com esta solução.

+ Cláudio: continua a surpreender. Com um novo colega ao seu lado, Cláudio foi uma verdadeira voz de comando na defesa. Ainda teve tempo de marcar o golo precioso.

+ Richard: excelente exibição. Sempre responsável pelos ataques da equipa, muito envolvido no jogo. Não percebo porque ainda não é titular...

+ Caiçara: enorme prestação. Enorme! Júnior Caiçara voltou àquilo que de melhor fez a temporada passada e, se continuar assim, ninguém lhe rouba o lugar.

+ Vieira: não marcou, falhou oportunidades de ouro, mas jogou muitíssimo bem. Quase sempre com pensamento colectivo, apenas por uma vez Vieira tentou o drible. Não tivesse estado tão displicente na hora de finalizar e seria o melhor da equipa.

+ Guilherme: entrou a meio da segunda parte e, embora não tenha feito uma exibição por aí além, denotou um toque de bola apenas ao alcance dos melhores. Percebeu-se, no entanto, que ainda é jovem e precisa de competição para amadurecer. Talvez daqui a três jogos, ou nem tanto, ganhe o lugar no onze.

+ Mateus: este não é da nossa equipa, é dos algarvios. O brasileiro que voltou a Portugal após passagens pelo Setúbal e Estrela da Amadora, fartou-se de espalhar perfume. Que jogador!

O Pior

- Roberto: que terror! Entrou para o lugar de Vieira, na tentativa da equipa ter mais bola na área, e não correspondeu de forma alguma. Não me lembro sequer, na meia hora que esteve em campo, de ter tocado na bola. Yero, recupera rápido!

- Adriano: impossível dissociar o golo da defesa incompleta de Adriano. Tem muita qualidade, mas julgo que deveria ter um melhor treinador de guarda-redes. Hoje em dia, os guarda-redes já têm que ter uma formação técnica, coisa que Adriano não me parece ter.

- Falhanços da equipa: foi gritante o desperdício de oportunidades de golo por parte do nosso Gilinho. Os avançados da equipa têm de ter outra calma na hora de finalizar. Com tamanha exibição na segunda parte, foi um pecado não termos saído vitoriosos.

4 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito da análise. Em geral, a equipa esteve toda bem - tirando o lateral direito, que é adaptado e o Roberto. Acho um pouco injusta a critica ao Adriano. É verdade que teve algumas culpas no golo, mas, apesar de ter sido um remate de muito longe, a bola ia com muito efeito, e não era assim tão fácil. Sem falar que tem feitos grandes exibições, e tirando esse erro, esteve muito bem frente ao Olhanense.

Frente ao Paços, confiante numa vitória?

Gilista Ferrenho disse...

Caro anónimo, obrigado pelos elogios à análise.

Em relação ao seu comentário. O Daniel até me surpreendeu. Nunca se poderá esperar muito dali mas, tendo em conta as suas limitações, defendeu como pôde e soube disfarçar a falta de talento com um bom envolvimento colectivo. Quanto ao Adriano, tem culpas no golo, sem dúvida. Não é um frango mas devia ter feito mais. É um GR com muito potencial, tem muita qualidade, mas nota-se que não teve uma formação jovem por aí além. Tecnicamente ainda é débil mas ñ é nada que, com sucessivos treinos de qualidade, não se resolva.

Frente ao Paços, estou confiante numa vitória. O Gil terá de se exceder pq é um campo muito difícil. Expectativa para ver Leandro Costa. Em princípio verei no estádio...

Anônimo disse...

Vais para a claque, ou em carro particular? Não imagino o Gil a perder isto. Se não garantir os três pontos, a situação começa a ficar complicada.

Gilista Ferrenho disse...

Não faço a mínima ideia se vou de carro ou com a claque... Eu imagino todos os cenários. O Paços vem de duas derrotas mas tem boa equipa. Veremos. Contudo, ñ me parece que seja um desastre caso o Gil perca ou empate. Ainda estamos na 6a jornada, caro. Muito ponto em disputa.