sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

"Cláudio, o central goleador"

Via Mais Futebol

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Cláudio vive uma segunda juventude aos 34 anos. Figura surpreendente da Liga, o central do Gil Vicente vai deixando a sua marca semana após semana, num percurso fulgurante que se confunde com o da equipa. Já soma sete golos no campeonato, tantos como Hulk ou Van Wolfswinkel. Nenhum defesa marca tanto como ele.

E, também por isso, o Gil vai subindo e surpreendendo. «As pessoas têm vindo ter comigo e perguntam: o que se passa? Agora ganham a toda a gente?» conta. O próprio brasileiro confessa não ter explicação para o sucesso repentino.

«Acho que não há um segredo. O grupo dá-se todo muito bem e isso faz a diferença. Não temos problemas, mesmo quem não joga não arranja confusão. Somos muito unidos, as oportunidades vão chegar para todos. E esse entendimento dá frutos em campo», explica.

O Maisfutebol quis conhecer melhor esta revelação do nosso campeonato. Uma revelação tardia mas bem a tempo da ribalta. «Se pudesse escolher tinha chegado mais cedo à Liga. Mas gosto de pensar que estou no momento certo, o que passou, passou¿ Joguei muitos anos em escalões secundários e isso também pode ajudar a abrir a mentalidade de alguns treinadores que pensam que porque se joga noutras divisões não se tem qualidade», afirma.

De facto, Cláudio chegou a Portugal há doze anos para jogar no Ovarense e só esta época deu os primeiros pontapés nos relvados da Liga. Em grande estilo. Até já bateu o recorde de golos que tinha dos tempos do Vizela: «Marquei seis lá. Já levo sete e, claro, com outra visibilidade.»

Golos ao Porto «marcados para sempre»

Os últimos três jogos catapultaram o Gil Vicente. Vitórias sobre F.C. Porto, Sporting e Académica deixaram o clube de Barcelos nas bocas de todos. Cláudio só não aceita que se relativize o mérito do grupo.

«Ganhámos ao Porto, disseram que o Porto esteve mal. Ganhámos ao Sporting, mas eles é que estiveram mal. Agora até o treinador da Académica diz que foi o pior jogo que eles fizeram. Então e nós? Muita gente não reconhece o valor desta equipa», lamenta, frisando que «não é surpresa nenhuma» o trajecto do Gil para quem conhece a equipa desde o ano passado.

A nível pessoal, Cláudio não tem dúvidas: o jogo com o F.C. Porto foi o ponto alto. «Vai ficar marcado para sempre. Marcámos três golos, eu, um defesa, fiz dois e isso é algo que é raro acontecer», lembra.

Um goleador que quer deixar os golos para os avançados

A fama de goleador já extravasou há muito os limites de Barcelos. Cláudio conta um episódio curioso do jogo da Taça da Liga em Alvalade: «O Wolfswinkel veio ter comigo e disse-me, meio em português, Aí matador. Eu ri-me e disse que não era matador nenhum, mas no final, como marquei o golo, fui ter com ele, ofereci-lhe a camisola e disse: Agora sim sou matador. E ele deu-me a camisola dele.»

Cláudio aceita de bom grado o epíteto de matador, mas não esquece a natureza. É para evitar os golos que entra em campo. «Um golo decisivo, que dê três pontos é muito bom, mas se calhar prefiro fazer os meus cortes lá atrás e deixar os golos para os avançados», admite, entre risos.
E aos 34 anos fará sentido falar em acabar? «Não penso nisso. Sinto-me bem durante os jogos, termino sempre bem. Enquanto me sentir assim, com forças, vou continuar a jogar», prometeu. »

Um comentário:

Anônimo disse...

O Cláudio é um senhor. No seu futebol, o seu único defeito é mesmo a pressão. Acho que há lances em que descontrola e perde um pouco da noção e deixa muito espaço atrás. Mas ninguém é perfeito.